terça-feira, junho 23, 2009

Evolução da Linguagem

Por Millôr Fernandes
"Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.
"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende? No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem.
O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo: "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia ejusta denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba... Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!". E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto,você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".
Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta."Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Foda-se."

quinta-feira, junho 18, 2009

Brasil Vergonha - Lei de Imprensa cai

Que nosso país é uma vergonha todo mundo já sabia. O que não dá pra acreditar é que o STF estivesse todo esse tempo tentando derrubar a Lei de Imprensa ao invés de reforçar a Educação. http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/06/17/ult5772u4370.jhtm
Nem o nosso presidente tem estudo, não é mesmo? Viva a República Tupiniquim!!! Agora qualquer pessoa que tenha uma opinião qualquer, sem apurar, vai achar que faz jornalismo. Como jornalistas, temos que deixar claro que não temos medo de concorrer com analfabetos (até porque algumas empresas que se julgam sérias vão continuar exigindo o diploma), e que não passamos 4 anos pagando faculdade, entendendo de TV, Rádio, Assessoria, Internet, Revista e Jornal para sermos simplesmente descartados. DECISÃO ABSURDA!

terça-feira, junho 09, 2009

A vida é uma grande loucura

Tem sempre um dia que você acorda e pensa: "Quando foi que tudo mudou?". A sensação é que as conquistas não são mais satisfatórias e você quer mudar de casa, de emprego, de namorado (a), de vida!
Misteriosamente as coisas não fazem mais sentido, como se você tivesse chegado ao fim da estrada. A pessoa que você conheceu ontem parecia legal, mas hoje já não te ligou, amanhã já te esqueceu e semana que vem já é tarde demais. O emprego que você queria e conseguiu já não é mais tão perfeito depois que você se estressa com ele pela primeira vez, e por aí vai...
Será que tudo é mesmo tão superficial? Por que os valores mudam a cada semana? Não sei. Só sei que o mundo seria maravilhoso se nós vivêssemos profundamente todos os instantes, com suas alegrias e tristezas.
Por Camila Nobre